sexta-feira, 15 de julho de 2011

Parte 3 - Piobb e teoria das correspondências simbólicas

Pierre-Vincent Piobb

“O símbolo é uma metáfora que tem seu fundamento na razão e encontra sua correspondência na realidade”
            Pierre-Vincent Piobb foi um célebre ocultista francês que viveu entre 1874 e 1942. Antes de dedicar-se ao estudo da magia, foi diretor de jornais e esteve envolvido na política de seu país. Seu primeiro livro ‘Formulário de Alta Magia’ foi publicado em 1907 e aumentado aos poucos nas edições seguintes.
No Formulário, Piobb apresenta sua Teoria das Correspondências Simbólicas. Segundo ele, essa é uma teoria geral sobre a qual a magia é fundada, pois toma como objeto de análise os três reinos da natureza: mineral, vegetal e animal.
Para Piobb, a diferença entre os seres pertencentes a esses três reinos está na organização de suas estruturas. Um mineral se caracteriza por não ter a faculdade do movimento extrínseco, ou seja, ele não pode se mover por suas próprias forças e, portanto, deve esperar que uma força externa atue sobre sua massa para gerar o movimento. Por outro lado, os vegetais são dotados de um movimento íntimo de caráter fisiológico e carregam a faculdade do crescimento sem, contudo, serem capazes de se moverem de um lugar a outro.
Em relação aos animais, sua organização é a mais complexa, de maneira que eles, além de fazerem um movimento íntimo (fisiológico), ainda são dotados de um movimento pessoal que lhes dá a faculdade do deslocamento. Além disso, eles têm um cérebro e órgãos sensoriais que permitem recolher e processar informações do mundo que os circunda.
Ainda sobre os animais, o homem se diferencia dos demais por se manter ereto ao caminhar e por também se locomover pela utilização de meios auxiliares de transporte. Além disso, o homem é capaz de recolher e processar as informações do ambiente utilizando suas noções a fim de adquirir o saber.
No entanto, mesmo com tais diferenças, os seres dos três reinos são todos compostos pelos mesmos elementos principais, isto é, as partículas atômicas, que coloca os seres numa condição de correspondência entre si, de maneira que determinado símbolo guarda em si a essência daquilo que representa. Dessa forma, a correspondência simbólica acontece quando se é usado um ser individual para simbolizar a força de uma coletividade.
Segundo Piobb, a prática das correspondências é conservada desde uma antiguidade remota e ainda que tenha sofrido algumas alterações, as quais lhe dão uma aparência variável, ela, contudo, parece estável em relação a diversas características, que constituem o fundamento da homeopatia moderna.
Símbolos, portanto, são as representações individuais de uma força. Dessa forma, assume-se que o símbolo tem uma ação idêntica à força que ele representa. Eles se tornaram uma maneira adotada pela antiguidade para exprimir o pensamento e, assim, os símbolos são uma forma de linguagem. No entanto, nada esclarece como a simbologia é estabelecida, a escolha dos símbolos parece ser algo arbitrário e variável de uma cultura para outra. Ao assumir a importância cultural para a representação simbólica, Piobb parece reconhecer as diferenças existentes entre os diversos conjuntos de signos que existem no mundo, de maneira que, muitas vezes, o mesmo símbolo pode carregar diferentes correspondentes de um lugar para o outro. Um exemplo disso é a figura do dragão, que se faz presente na mitologia nórdica, na judaico-cristã e ainda na cultura chinesa, e, em cada uma delas com um significado distinto. A mesma variação é aplicavel a todos os símbolos (animais, ervas, minerais etc.), embora possa haver coincidência de significados entre diferentes culturas.
De acordo com Piobb, os símbolos são divididos em dois tipos: os gráficos e os ontológicos. Símbolos gráficos são aqueles que trabalham com a escrita e têm uma origem mítica, como as figuras astrológicas, os símbolos religiosos, os signos alquímicos e os caracteres mágicos de todos os tipos. Por outro lado, os símbolos ontológicos são os próprios seres da natureza (ou parte deles) que se correlacionam com as forças da natureza. Na visão ontológica, busca-se estudar e identificar as qualidades e propriedades gerais dos seres, isto é, encontra-se no ser uma relação direta a uma força da natureza. Fazem parte do gênero ontológico os minerais das mais diversas composições, as pedras preciosas, os vegetais, os animais, as partes do corpo humano (das quais, na magia simbólica, procura-se utilizar aquelas que não causam grande prejuízo ao serem retiradas, tais como os cabelos, as unhas e os dentes), demais elementos orgânicos (proveniente de animais ou de vegetais, como seiva, resina, borracha, sangue etc.) e as manifestações de fenômenos naturais (como relâmpagos, fogo e água).






Bibliografia:

PIOBB, P.V. Les correspondances symboliques. In: Formulaire de Haute Magie. St. Jean de Braye: Ed. Dangles, 1984.
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